Três motivos para você começar a pagar com QR Code

Por Maria Teresa Lazarini

Rapidez, praticidade e, principalmente, segurança são os três pontos fortes desse meio de pagamento, que funciona por meio da carteira virtual do smartphone

Entenda como ativar o QR Code e a sua carteira virtual

A avenida Faria Lima é conhecida por ter se tornado, há alguns anos, o novo centro financeiro de São Paulo. É nessa região nobre paulistana que as ruas estão tomadas pelas cores verde e amarela. Mas elas não estão ligadas a nenhum símbolo Nacional. São os patinetes elétricos da mexicana Grin e da brasileira Yellow (que anunciaram uma fusão no fim de janeiro para criar a Grow). Eles ficam estacionados em frentes aos prédios enquanto não estão em circulação pelas ruas ou ciclofaixas. Com a concentração de escritórios, empresas e instituições financeiras, para chegar a uma reunião, um almoço ou um café de negócios, o meio de transporte mais fácil é, muitas vezes, pagar uma taxa inicial de R$ 3 para utilizar o patinete por 3 minutos e R$ 0,5 por minuto a mais rodado. Mas, para utilizá-los, é preciso destravar por meio de um QR Code, que é acessado pelo telefone celular.

grin_qrcode_divulgação

Se você não sabe o que é isso nem nunca utilizou, o Quick Responder Code (QR Code) é a nova fronteira para várias áreas de negócios, inclusive os pagamentos. Esse código de barras dimensional é gerado gratuitamente e a China é o país mais avançado na sua utilização. Desde 2004, os chineses podem pagar desde um simples cafezinho até fazer uma doação a artistas de rua por meio de um QR Code no celular. A aderência ao meio de pagamento é tamanha que o maior aplicativo de carteira digital, o WeChatPay, registra mais de 900 milhões de usuários chineses ativos. Isso equivale a cerca de 65% da população da China, que não precisaria mais circular com dinheiro em espécie.

“A China, assim como outros países asiáticos, é a grande inspiração para esse tipo de pagamento. Lá, pode-se pagar usando o QR Code desde as frutas compradas de um vendedor ambulante na rua até um restaurante high-end”, diz Fernando Vilela, head de marketing da Rappi no Brasil, empresa que desenvolveu a solução RappiPay, que é utilizada nos patinetes da Grin.

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Como pagar com QR Code

Para aderir a esse meio de pagamento, o primeiro passo é baixar algum aplicativo de carteira virtual, como o RappiPay, PicPay ou MercadoPago – disponível na Google ou Apple Store. Mas, para conseguir comprar algo pelo QR Code, o estabelecimento comercial também precisa estar cadastrado na plataforma. Caso os dois terminais tenham a tecnologia, é possível fazer o pagamento escaneando o código QR disponibilizado pelo estabelecimento a partir da câmera do celular do usuário.

Em seguida, o cliente deve digitar o valor da compra e pagar o montante com um cartão de crédito cadastrado no app (o que vai gerar pontos ou milhas no seu programa de benefício) ou alguma forma de crédito que a plataforma oferece. É recomendado que o cliente cheque se os dados do estabelecimento informados na tela do aplicativo batem com a compra que ele está fazendo.

“No Brasil, temos mais smartphones do que pessoas. Por isso, na nossa indústria, muito se discute sobre a utilização de celulares como meio de pagamento e a adoção de novas tecnologias como QR Code, que já é uma realidade massiva na China”, disse Danilo Caffaro, vice-presidente produtos, novos negócios, marketing e inovação da Cielo, em comunicado enviado à imprensa. A empresa brasileira de soluções financeiras acredita que o pagamento via QR Code é um meio de inclusão digital.

Três pontos fazem o QR Code ser uma ferramenta interessante para o pagamento. O primeiro é a rapidez: a proposta é gastar 10 segundos ou menos para completar uma transação financeira. O segundo é a praticidade: só é necessário ter um celular para fazer a leitura do código de barras dimensional e fazer o pagamento. E o terceiro (talvez o mais importante) é a segurança: o usuário passa por três tipos de verificação – senha de desbloqueio do celular, a digital ou outra senha para acessar o aplicativo na carteira virtual e a checagem das informações antes de completar a transação.

“Se alguém tomar o seu cartão, essa pessoa pode fazer uma série de compras online até que você faça o bloqueio do cartão. No caso do QR Code, você está adicionando uma camada a mais de proteção, porque o cartão de crédito não está mais lá fisicamente. Do ponto de vista operacional, pagar com QR Code é a mesma coisa que pagar com um boleto. Considero que a aceitação dessa tecnologia vai ser boa”, afirma Arthur Igreja, cofundador da AAA Plataforma de Inovação e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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Adesão do QR Code no Brasil

Criado em 2012, o PicPay foi a primeira empresa de carteira digital (wallets) do Brasil e hoje já conta com quase 10 milhões de pessoas na sua plataforma. Para 2019, a projeção do PicPay é transacionar um volume de vendas 8 vezes maior do que em 2018 – é crescer de R$ 1 bilhão para R$ 8 bilhões, literalmente. Aos olhos de Roberte, o diferencial da tecnologia de carteiras digitais se baseia na agilidade que o serviço oferece principalmente no momento de transações – o cliente que possui uma carteira digital não precisa informar dados pessoais como banco, número de CPF, agência ou conta para completar uma transação. Basta um celular em mãos.

“Estamos no caminho da popularização dessa tecnologia e temos observado uma boa adoção das wallets por parte dos brasileiros. Não temos dúvida de que, nos próximos anos, essa adoção pelo mercado será em massa”, diz Diogo Roberte, cofundador do PicPay.

Com mais de 220 milhões de unidades ativas de smartphones no Brasil, segundo a 29ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas da FGV-SP, não há barreiras tecnológicas para massificar rapidamente o uso do pagamento via QR Code. Porém, o desafio é disseminar conhecimento. As dúvidas começam na maneira do uso ou os benefícios de aderir às carteiras virtuais.

“O mais importante é gerar confiança para os usuários e mostrar todos os benefícios de utilizar o QR Code como meio de pagamento. É também importante avançar na implementação desse método de pagamento no maior número de estabelecimentos, para que o usuário veja que é mais uma opção viável para o seu dia-a-dia”, afirma Vilela, da Rappi.

Se ainda não se sabe se os brasileiros vão aderir em massa ao pagamento via QR Code, a China é um bom parâmetro. Segundo o relatório da J. Walter Thompson Intelligence, a potência asiática registrou um salto em pagamentos móveis de US$ 340 bilhões em 2015 para US$ 9 trilhões em 2017. Nesse mesmo ano, o Banco Central do Brasil comunicou que gastaria R$ 279,14 milhões para a produção de 980 milhões de cédulas de dinheiro. Enquanto isso, do outro lado do mundo, a China está prestes a mandar o dinheiro em espécie para o museu.