Parcelar o IPVA ou pagar à vista? Eis a questão

Por Fernanda Santos

O Brasil tem mais de 43 milhões de veículos em circulação. Nesta época do ano, chegou a hora de pensar em pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, mais conhecido como IPVA. Em janeiro, todos os proprietários têm de escolher entre pagar à vista ou parcelado. O que vale mais a pena fazer?

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Chegou a hora de pagar o IPVA, veja o que vale mais a pena

Cobrado anualmente, o IPVA é um imposto estadual recolhido pelos governos dos Estados e o Distrito Federal. A alíquota varia entre 1% e 5% do preço do veículo. A decisão cabe a cada Estado. Como referência, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) divulga todo ano uma tabela com o preço venal dos veículos.

Assim como acontece com a alíquota de cobrança, o desconto também é variável. Os Estados dão a opção de pagar o IPVA à vista, com desconto ou em 3 parcelas, sem desconto.

O desconto da cota única em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, é de 3%. Mas outros Estados, como Pernambuco, oferecem 7% de desconto para quem pagar à vista.

Há casos como o de Minas Gerais, quem incentiva o pagamento à vista. Para quem pagou o IPVA e outros tributos de veículos em dia em 2017 e 2018, o Estado oferece mais 3% de desconto no IPVA de 2019, além dos 3% já previstos para a cota única.

Alguns também dão a opção de parcelar o IPVA no cartão de crédito. Quem mora no Rio de Janeiro, por exemplo, pode dividir o imposto em até 12 vezes no cartão.

Com tantas opções, o que vale mais a pena?

  • Se você tem o dinheiro, pague à vista

Se você tem o dinheiro disponível, o melhor é pagar à vista. A lógica é a seguinte: não há nenhum investimento no curto prazo, sem risco, capaz de render mais do que o desconto oferecido em São Paulo, Minas Gerais ou Pernambuco, por exemplo.

“Se o prazo de parcelamento é curto, o desconto de 3% para pagar à vista já é bom. Isso porque em nenhum momento você conseguiria fazer seu dinheiro render 3%, em 3 meses”, diz Marcela Kawauti, economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

Em outras palavras, se você deixasse seu dinheiro na poupança em vez de usá-lo para pagar o IPVA à vista, por exemplo, ele renderia bem menos que 3%, em 3 meses. Considerando que o rendimento médio da caderneta está em 0,4% ao mês, não há a menor chance de multiplicar o dinheiro.

  • Não tenho dinheiro para pagar à vista, o que faço?

Mas se você não tem dinheiro e vai acabar se endividando para pagar o IPVA à vista, o melhor é parcelar.

“Se os juros forem astronômicos, vale a pena fazer um esforço e pagar à vista. Só faz sentido parcelar se não tem mesmo condição de pagar à vista ou se vai gastar o dinheiro”, afirma Márcio Reis, diretor de dados e pesquisas econômicas do Guiabolso.

O especialista alerta que é preciso tomar cuidado com o parcelamento no cartão de crédito, pois a maioria dos bancos cobra juros para parcelar o imposto.

Se houver a possibilidade de dividir no cartão sem juros ou então passar o IPVA em uma única parcela (também sem juros), o crédito passa a ser uma boa opção, diz Bruno Chacon, que é planejador financeiro da Dsop, uma organização voltada à educação financeira.

“Passar no cartão pode ser uma boa ideia porque você acaba ganhando pontos ou milhas com o gasto, dependendo do seu plano de fidelidade”, diz ele.

  • Não pegue um empréstimo para pagar o IPVA

Todos os especialistas são unânimes em dizer que, em hipótese alguma, o contribuinte deve pegar um empréstimo no banco para quitar as despesas de final e começo de ano à vista.

“Na mesma lógica de investir, você nunca vai conseguir um empréstimo que tenha juros menores que 3% num período de 3 meses”, diz Marcela, do SPC.

  • Montar uma reserva ou pagar o IPVA?

Outra situação em que pode valer mais a pena pagar o IPVA à vista é quando a pessoa não tem uma reserva de emergência, ou seja, vai gastar todo o dinheiro que tem guardado para quitar o imposto em uma parcela única.

“Menos de 10% dos brasileiros tem uma reserva. Se você é um desses, mais vale parcelar o IPVA e poupar parte do dinheiro que usaria para pagar a parcela única”, diz Reis, do GuiaBolso.

Lembrando que o mais indicado pelos especialistas é ter uma reserva de emergência que cubra ao menos 6 meses de despesas. Ela pode te ajudar em caso de desemprego, emergência ou acidente.

  • Organize-se

Se decidir parcelar o pagamento do IPVA, lembre-se de organizar as finanças para acomodar essa dívida. Os especialistas aconselham que parcelas de empréstimos e dívidas no cartão não podem comprometer mais que 30% do orçamento total. E é importante lembrar também que outros gastos chegam em janeiro, como IPTU e matrículas escolares.

Para o próximo ano, vale ir se planejando desde cedo e guardar uma quantia mensal pensando nos gastos de final e começo de ano – que sempre apertam mais o orçamento familiar.

Como pagar meu IPVA

No geral, existem 3 meios de pagar o IPVA: pelo caixa eletrônico, aplicativo do banco ou em lotéricas. Lembrando que é preciso ter o número do Renavam e a placa do carro em mãos também para fazer o pagamento.

Para se informar sobre os valores, datas, formas de pagamento e bancos credenciados, é preciso consultar a Secretaria da Fazenda do seu estado por telefone ou pela página na internet.

O que acontece com quem não paga o imposto

Em geral, no fim do ano já é possível consultar o valor do IPVA do ano seguinte. Para isso, basta acessar o site da Secretaria da Fazenda do seu Estado com os números do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) e placa do automóvel em mãos.

O Renavam é um número com 11 dígitos que fica impresso no documento do carro e funciona como uma espécie de carteira de identidade do carro.

Em São Paulo, o IPVA não é mais entregue em casa, mas já está disponível no site da Secretaria da Fazenda do Estado. Em alguns estados, os detalhes sobre o imposto ainda chegam por correspondência.