MBA no exterior ou no Brasil: o que vale mais a pena?

Por Isabela Borrelli

Como o próprio nome já diz, um Master in Business Administration, mais conhecido como o MBA, é uma especialização com foco em administração. Em outras palavras, é possível fazer um MBA em Marketing e Vendas, Gestão de Projetos, Gestão de Negócios, entre várias outras opções. A diferença é que o aluno estudará a área escolhida sob o viés administrativo.

Isso quer dizer que o MBA é mais indicado a profissionais que estejam começando a gerenciar uma equipe ou que já gerenciem, independente da área escolhida. “O MBA é para ser uma troca entre profissionais com cargo de gestão e os professores”, afirma Paulo Porto, professor da Escola de Negócios da PUCPR. Exatamente por isso que o nível dos profissionais e também dos selecionados para os programas deve ser um dos principais pontos que os interessados em fazer MBA devem considerar ao escolher uma instituição.

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Mas quando o assunto é MBA, além do nível da instituição e dos profissionais, também surge uma dúvida muito frequente para brasileiros…. o que é melhor: fazer MBA no exterior ou no Brasil? Não há uma resposta única, ambas opções têm seus prós e contras e dependem muito das possibilidades e objetivos de cada profissional. Abaixo, você confere as vantagens e desvantagens de cada uma:

MBA no exterior

O MBA é um curso que nasceu nos EUA e posteriormente foi exportado para diversos países, sofrendo algumas mudanças no processo. De toda forma, quem considera fazê-lo na terra do Tio Sam deve saber que lá o formato tem duas características essenciais: na maioria das vezes, é um curso integral e com duração de dois anos.

Vantagens

Fazer um MBA no exterior, independente de ser nos EUA ou não, pode ser resumido em uma palavra: intensidade. O aluno não só aprende em um curso integral, como também está vivenciando uma outra cultura e língua 24 horas por dia durante dois anos!

“Em termos de experiência pessoal, acho que é fantástico”, afirma Mariane Hotta, CFO da Red Ventures Brasil e alumni do programa de MBA da Harvard Business School. O programa que fez, no caso, foi o generalista, que tem uma abrangência maior e é uma boa opção para quem quer atuar em áreas diferentes ou ainda não decidiu uma especialização.

Segundo Mariane, uma das grandes vantagens de fazer MBA no exterior em uma universidade de renome internacional é a qualidade e exigência elevada do curso. Como já mencionado, as aulas são integrais e a carga horária pode ser consideravelmente mais elevada do que a maioria dos cursos do gênero no Brasil. Somados a isso, também estão os aprovados no curso, já que em faculdades concorridas são aceitos pouquíssimos. No entanto, a vantagem aqui é maior do que se pensa: não são só as mentes mais brilhantes do seu país, mas do mundo inteiro.

“Você vai aprender para caramba, vai conhecer pessoas de toda parte e criar um networking maior”, conta a alumni. “As escolas também chamam muitos convidados ilustres para palestrar: na minha época, foram o Dalai Lama, o Michael Dell, a Natalie Portman e outras figuras muito interessantes. Além disso, tem as viagens internacionais, nas quais os alunos fazem passeios e visitas a lugares que só a escola consegue abrir portas.”

Desvantagens

A grande desvantagem desse tipo de programa é o valor elevado. A média da tuition, valor do curso, é de US$ 130 mil. Mas não para por aí: somando os custos de vida, o valor pula para US$ 300 mil, o que, com a cotação do dólar maior que R$ 4,  pode chegar a mais de R$ 1 milhão.

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A situação fica mais complicada quando leva-se em consideração que os MBAs internacionais em sua maioria são integrais, o que impossibilita trabalhar junto. Em dois anos, a única possibilidade que o aluno tem é de trabalhar nas férias, nos conhecidos summer internships. A oportunidade é interessante e pode aliviar um pouco, mas é de no máximo três meses.

Por isso, fica a dica: “É importante calcular o quanto que você vai investir e o quanto você vai deixar de ganhar durante esses dois anos”, aconselha Mariane.

Bolsas de estudo

Apesar do valor exorbitante, há formas de conseguir descontos ou bolsas de estudo. Uma delas é por meio de bolsas oferecidas por instituições brasileiras, como Fundação Lemann, Fundação Estudar e Instituto Ling. Algumas delas podem cobrir até 95% da tuition, por exemplo. Para se candidatar, é preciso ter sido aceito antes no programa de MBA e depois prestar o processo seletivo para a bolsa.

“Também existe o financial aid nas escolas. Uma vez que você é aceito, as escolas vão arranjar um jeito de você ir para lá, elas provavelmente oferecerão um empréstimo ou alguma forma que ajuda você a bancar com os estudos”, defende Mariane.

MBA no Brasil

O Brasil foi um dos países para onde o MBA foi adaptado, ganhando um novo formato que se adequa mais ao cenário profissional do país. Na maioria das vezes, o curso oferece aulas duas vezes por semana no período noturno ou então aos fins de semana para não atrapalhar o horário do trabalho.

Vantagens

No Brasil, a maior vantagem é a flexibilidade dos cursos e a possibilidade de fazê-los sem precisar deixar o emprego. “Existem cursos, como o que eu fiz, que são feitos para quem está no mercado de trabalho (apenas 2 vezes por semana e no período da noite). Nesse caso, podem ser conciliados com o trabalho”, afirma Raphael Miyazaki, gerente de novos negócios na Cyrela e alumni do programa de MBA em finanças do Insper.

Ligado a essa questão, o valor do curso também é muito mais em conta. No caso de Raphael, por exemplo, o total pago foi de R$ 68.500, parcelado ao longo do curso, sendo que no seu caso a empresa em que trabalhava pagou 70% do valor. Hoje, também é muito comum encontrar MBAs na modalidade EAD, o que podem baratear muito o valor.

Módulo internacional

Quem pensa que fazer MBA no Brasil exclui a possibilidade de uma experiência no exterior está enganado. “Um bom MBA [no Brasil] já tem parcerias ou módulos em universidades estrangeiras de referência. Geralmente é uma semana ou 10 dias que os alunos vão estudar em uma delas, por exemplo, a London Business School na Inglaterra”, conta Paulo Porto. De fato, não são poucas as universidades que oferecem programas com essa modalidade ou até um tempo maior no exterior. Para os interessados, é importante analisar caso a caso.

Desvantagens

Por serem mais flexíveis, os MBAs oferecidos no Brasil podem não ter a carga horária da maioria dos cursos no estrangeiro. Além disso, é preciso tomar cuidado ao escolher a instituição em que fará a especialização: não é difícil a utilização errônea da sigla MBA nos cursos nacionais como um chamariz para atrair mais vendas.

“Muitas vezes, é melhor comprar um bom livro ou ouvir podcasts de qualidade do que fazer MBA numa instituição que não tenha qualidade ou credibilidade. Um bom curso de MBA vai muito além – o professor vai contextualizar com o que está acontecendo no mercado, como que pode ser aplicado a diferentes empresas, entre outros”, afirma Paulo.

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Para ajudar na escolha, é bom ficar de olho em instituições que estejam presentes em rankings de melhores universidades para MBA ou que tenham certificados. Paulo Porto também indica levar em consideração quais as instituições que as grandes empresas compram cursos de educação executiva, já que estão sempre antenadas também.