O que é Tesouro Selic e como investir nele

Por Redação

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O Tesouro Direto tem sido a alternativa mais recomendada por consultores financeiros para investidores iniciantes e para quem precisa balancear a carteira de investimentos. Ele é uma alternativa à poupança, a aplicação mais popular da renda fixa, principalmente pela rentabilidade maior para quem procura ativos que ajudam a acumular e multiplicar o capital.

Mas por que essa tentativa de popularizar o Tesouro Direto para fugir da poupança? Neste artigo, vamos explicar detalhadamente um dos tipos mais procurados, o Tesouro Direto Selic. Confira:

O que é o Tesouro Direto?

O Tesouro Direto é um programa criado em 2002 com o objetivo de permitir que Títulos Públicos Federais passassem a ser negociados diretamente pela internet pelas pessoas físicas. Antes do programa, os Títulos Públicos só podiam ser adquiridos de maneira indireta, o que costumava acontecer por meio de fundos de investimentos geridos por instituições financeiras privadas. O Tesouro Direto foi criado pelo Tesouro Nacional, responsável pela administração do dinheiro que entra nos cofres do Governo Federal, em parceria com a B3.

Foi uma revolução que permitiu ganhos para os dois lados, investidores e Estado, pois o Tesouro Direto funciona como um empréstimo feito pelas pessoas para o governo, que aplica esse dinheiro em atividades como saúde, educação e infraestrutura. Como retorno, os investidores recebem, terminado o tempo estipulado na aplicação, o montante investido acompanhado de juros.

Considerado um investimento de renda fixa, existem três grandes categorias de juros que dividem o Tesouro Direto: os títulos prefixados, pós-fixados atrelados à inflação (IPCA) e pós-fixados atrelados à taxa básica de juros, a Selic. É neste último formato que nos aprofundaremos hoje.

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Tesouro Direto pós-fixado atrelado à taxa Selic: como assim?

A Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira, é um indicador utilizado pelo Governo Federal para balizar todos os juros cobrados no País, tanto em instituições privadas quanto em públicas. É o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controle da inflação. A Taxa Selic está em 6,5% ao ano, de acordo com decisão da reunião do Comitê de Política Monetária de março de 2019.

É com base nesse valor que se dá a rentabilidade do Tesouro Direto Selic. Acompanhando a variação da taxa de juros básica, o Tesouro Selic traz como benefício a possibilidade de o investidor se defender da inflação, pois a aplicação sempre estará ligada à valorização ou desvalorização da moeda.

Tesouro Selic x Poupança: qual é o mais atrativo?

São essas vantagens que tornam o Tesouro Selic uma opção tão comentada para iniciantes. Funcionando da mesma maneira que a poupança, que também é atrelada à taxa de juros básica, o Tesouro tem uma liquidez menor – mas que ainda é maior do que a grande maioria dos outros títulos de renda fixa. Porém , a rentabilidade do título é melhor que a da Poupança. Assim, é uma opção excelente para construir sua reserva financeira ou poupar seu dinheiro.

No início de abril, o Tesouro Selic também sofreu um reajuste de seu spread – isto é, a diferença entre a taxa de investimento e a taxa de resgate. Foi de 0,04% ao ano para 0,01%. O objetivo do Governo foi tornar o título mais rentável que a Poupança. “Essa alteração é parte do contínuo processo de aprimoramentos no Tesouro Direto e terá como resultado a redução dos custos de aplicação para o investidor e, consequentemente, o aumento de sua rentabilidade líquida”, informou a nota oficial.

Segundo levantamento da XP Investimentos, a mudança de fato teve impacto positivo. Agora, o Tesouro Selic só perde para a poupança em poucos dias nos primeiros meses. A partir do quinto mês, no momento que o investidor decidir retomar seu dinheiro já terá um ganho maior do que a poupança. Vale lembrar que a rentabilidade da poupança também está atrelada ao aniversário de sua caderneta, por isso, se a aplicação for retirada antes dele o ganho será nulo.

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Quais são os custos de se investir no Tesouro Selic?

Como outros investimentos em renda fixa, existem impostos e taxas que incidem sobre o Tesouro Selic. São valores que precisam ser levados em consideração para se alcançar o retorno real do seu investimento. Para ter uma ideia completa dos custos envolvidos, vamos entrar no detalhe de cada um deles:

Imposto de Renda (IR)

Os impostos são sempre cobrados sobre o rendimento do seu dinheiro, ou seja, no dinheiro somado aos juros e não no capital investido inicialmente. Além disso, a alíquota é cobrada de maneira regressiva de acordo com o tempo que o dinheiro ficou aplicado. Em outras palavras, a cobrança é sobre a rentabilidade, seguindo uma tabela regressiva. Quanto mais tempo seu dinheiro passa investido, menor é o Imposto de Renda a ser pago. Veja os valores na tabela.

Imposto de Renda no Tesouro Selic
IRPrazo investido
22,50%até 180 dias
20%181 a 360 dias
17,50%361 a 720 dias
15%720 dias

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF)

Além do Imposto de Renda, também é cobrado o IOF sobre a operação para aplicações no Tesouro Selic com menos de 30 dias. Esse imposto é regressivo e sai de 96% do rendimento para resgate em 1 dia após a aplicação até 0 para os resgates feitos 30 dias após a aplicação.

Taxa da B3

Além do IR e do IOF, há também algumas taxas adicionais cobradas sobre o Tesouro Selic. Entre elas está a taxa da B3, a Bolsa de Valores, de 0,25% ao ano sobre o montante total investido. A taxa é cobrada para manter a custódia dos títulos sob o CPF do investidor.

Taxa da Instituição Financeira

Também existe a possibilidade de investir no Tesouro Selic por meio de uma instituição financeira que cobre taxas pelo serviço de intermediação entre o seu dinheiro e a B3. Felizmente, porém, com o aumento da concorrência pelos investidores, essas taxas têm caído e já há uma série de instituições que não cobram mais nenhuma taxa pela intermediação.

É possível realizar a transferência de custódia de seus títulos, caso você invista no Tesouro Selic por meio de uma corretora ou banco que cobra alguma taxa que você considera desnecessária. Basta que você realize a solicitação em sua antiga corretora, informando que deseja fazer a transferência de custódia para uma nova corretora, preencher um formulário chamado “Solicitação de Transferência de Valores Mobiliários (STVM)”, que será fornecido pela sua corretora antiga e, por fim, enviá-lo de volta. Segundo regulamentação da CVM, sua antiga corretora deve realizar a transferência em até dois dias úteis.

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Como investir no Tesouro Direto?

Para investir em títulos do Tesouro Selic, o processo é muito fácil. É o mesmo para qualquer modalidade do Tesouro Direto. Basta seguir os seguintes passos:

  • Abra uma conta no Banco

Caso ainda não tenha, abra uma conta corrente em seu nome em um banco de sua escolha;

  • Escolha uma instituição financeira como seu agente de custódia

O agente de custódia é quem faz a intermediação do seu dinheiro entre a sua conta corrente e a B3. Pode ser o banco onde você tem conta ou uma corretora independente. No site do Tesouro Nacional você encontra uma lista de instituições habilitadas a fazer essa função.

  • Faça seu cadastro na instituição financeira escolhida como agente de custódia

Tenha em mãos um documento com foto (RG, CNH ou RNE) e um comprovante de endereço (conta de luz, água, telefone, etc). Após o cadastro você receberá uma senha provisória de acesso à área restrita do site do Tesouro Direto por e-mail (Você pode pular esta etapa caso o seu agente de custódia tenha uma integração direta com o sistema do Tesouro Direto). Troque sua senha de acesso ao Tesouro Direto por uma senha permanente.

Você também pode pular esta etapa caso o seu agente de custódia tenha uma integração direta com o Tesouro Direto. Muitas vezes, se o seu agente de custódia for um banco ou corretora no qual você já tem uma conta, é provável que já tenha passado por uma checagem de documentos e comprovações, como sua residência.

  • Escolha os Títulos do Tesouro Direto que deseja investir

A partir daí, você terá acesso a uma lista de opções entre as quais poderá escolher o título que faça mais sentido para você, seus objetivos e condições. Vale ficar atento às modalidades (prefixadas ou pós-fixadas); qual indicador econômico estão atreladas; qual é o prazo de retorno e qual é a alíquota de imposto de renda que incide sobre essa aplicação no prazo escolhido.