Fundos de investimento: por que ter e como escolher

Por Redação

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Se você não caiu de paraquedas no mercado financeiro, certamente já ouviu falar sobre fundos de investimento. Esse tipo de aplicação financeira é, realmente, muito conhecida e acaba sendo a opção mais escolhida tanto por investidores iniciantes como pelos mais experientes. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o patrimônio dos fundos de investimentos estava em quase R$ 4,3 trilhões, em meados de abril de 2019.

Há uma variedade de fundos de renda fixa e variável. Mas, para que você não cometa o erro de entrar no primeiro fundo oferecido pelo gerente do seu banco e, tampouco, deixe passar uma boa oportunidade é preciso entendê-los e conhecê-los.

Neste artigo, além de apresentar o que são fundos de investimento, como eles funcionam e quais são os principais tipos que existem, vamos explicar uma forma bastante prática e simples de comparar suas rentabilidades e volatilidades, para que você escolha a melhor opção de acordo com o seu perfil de investimento e os seus objetivos no curto, médio e longo prazos.

O que são fundos de investimento?

Em uma definição simples, um fundo de investimento é uma carteira com uma série de ativos. O investidor, ao aplicar o seu dinheiro, ajuda a captar mais recursos para essa cesta e garante, em contrapartida, uma participação, que é chamada de cota.

Todos os fundos são controlados por administradoras, que disponibilizam as cotas e checam se os gestores estão alocando o dinheiro dos investidores conforme as regras estabelecidas. As cotas podem ser entendidas como frações que compõem o fundo, com alguns investidores possuindo partes maiores e outros partes menores dessa fração.

Vale destacar, também, que todo fundo de investimento precisa ser regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Anbima.  

A analogia mais comum feita no mundo econômico para explicar o que é um fundo de investimento é a comparação com um condomínio. Assim como cada morador tem seu apartamento, em um fundo cada investidor tem a sua cota e paga uma taxa mensal pela administração desse condomínio, aceitando também as regras do espaço.

Essa analogia também serve para ressaltar uma das principais vantagens de se investir em um fundo: assim como um morador, você não é responsável pelas maiores decisões de gestão. Essas escolhas são feitas por pessoas especializadas em lidar com o assunto. Seu papel é contribuir financeiramente para que a gestão aconteça e esperar que um resultado lucrativo seja alcançado.

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Como funcionam fundos de investimento?

Como citado, os fundos de investimento são controlados por administradoras, que escolhem uma equipe, encabeçada por um gestor, para tomar as principais decisões sobre as aplicações em ativos do fundo. O papel do investidor é, sobretudo, financiar a atividade desse gestor com seu capital e esperar a rentabilidade estimada pela administradora como retorno.

Por ser uma opção ampla de investimento, contando com inúmeros tipos de fundos diferentes, é difícil definir aspectos como prazo de vencimento médio e forma de rentabilidade. De curto a longo prazo, atrelado à uma rentabilidade pré-fixada ou pós-fixada, uma coisa é certa: existem ativos para todos os tipos de investidores. Vale ficar atento às fichas de cada fundo e procurar aquele que melhor se encaixa no objetivo da sua carteira.

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Quais são os tipos de fundo de investimento?

De índices de renda fixa à títulos de renda variável, são inúmeras as opções de fundos de investimento existentes. Separamos, então, os mais populares e procurados. Eles são:

Fundos de Renda Fixa

Os fundos de renda fixa são os mais conhecidos dessa opção de investimento, com aplicação de, pelo menos, 80% em ativos ligados a indexadores tradicionais do mercado de renda fixa, como a taxa Selic ou o CDI. Mas eles também podem ter como parâmetro algum tipo de derivativo – como os swaps de crédito.

É uma opção interessante para qualquer tipo de investidor, do iniciante ao experiente, que precisa compor sua carteira com um ativo de baixo risco – normalmente esses fundos investem em opções consideradas seguras –, como títulos públicos e privados, como CDBs e LCIs. Isso torna possível, muitas vezes, prever a rentabilidade desse tipo de fundo de investimento.

Fundos Multimercado

Os fundos multimercados são os mais abrangentes, podendo mesclar ativos de renda fixa e variável. Por isso, há diferentes metas de investimento, o que muda as expectativas de risco, a performance e a liquidez entre cada um deles.

Por ser um campo com muita liberdade, é preciso ficar atento às estratégias de cada gestor do fundo. Eles costumam atuar com grande diversidade de ativos, buscando bater a rentabilidade do seu benchmarking sem ficar preso a apenas uma classe específica.

Multimercados são fundos versáteis que podem adicionar um bom retorno  à sua carteira. Porém, é preciso ter em mente que eles podem ser mais impactados pelas mudanças do mercado.

Fundos de Ações

Os gestores desses fundos aplicam, ao menos, 67% da carteira em ações negociadas na B3 ou no mercado de balcão organizado – o ambiente em que são negociados títulos e papéis que não estão na bolsa de valores. Essa é a exigência mínima. Acima dessa porcentagem, o dinheiro pode ser aplicado em quaisquer outros ativos que interessam ao fundo, seja de renda fixa ou de renda variável.

Esse, portanto, é um tipo mais arriscado do que os fundos de renda fixa, mas que também pode apresentar uma rentabilidade maior – sobretudo a longo prazo. As políticas e estratégias, pautadas por diferentes análises técnicas, diferem de fundo para fundo. Por isso, é interessante entender a abordagem antes de investir seu dinheiro.

Fundos Cambiais

Os fundos cambiais precisam ter, ao menos, 80% dos investimentos em ativos ligados direta ou indiretamente a uma moeda estrangeira, como o cupom cambial, que é uma taxa de juros relacionada ao valor do real frente ao dólar, ou derivativos, que são os swaps cambiais.

No geral, são fundos com uma gestão pouco movimentada, que se resume a acompanhar alguma moeda estrangeira frente à moeda nacional – um exemplo são os fundos cambiais de dólar. Mas vale destacar que, ainda que um fundo tenha como benchmarking a variação de uma moeda como o dólar, isso não significa que ele vai necessariamente acompanhar a cotação.

Os 20% de investimento restantes buscam aplicações em opções de renda fixa, para que haja um equilíbrio com a volatilidade cambial do fundo. O resumo é que os fundos cambiais podem ser uma interessante opção para diversificar sua carteira e podem ser bons investimentos, principalmente em momentos de crise econômica.

Fundos de Investimento Imobiliário (FII)

Os fundos de investimento imobiliário (FII) são uma opção de renda variável focada em ativos do mercado imobiliário. Assim, ao investir em um FII, você está financiando um ou mais imóveis que compõem o fundo.

Normalmente, esses imóveis são prédios, condomínios, shoppings, imóveis de varejo, entre outros. Além disso, os gestores de um fundo também podem escolher investir em títulos de dívida imobiliária, como CRI e LCI.

Um ponto crítico dos fundos de investimento imobiliário é que eles não podem ser resgatados antes do fim do prazo de duração. Assim, se você precisa do seu dinheiro antes desse período, é necessário vender seu título no mercado secundário.

Fundos de Investimento no Exterior

São opções para investidores não qualificados (termo técnico para identificar aqueles com menos experiência e conhecimento) investirem no mercado internacional. Os fundos de investimento no exterior têm, pelo menos, 40% de seu capital investido em ativos fora do Brasil,  que podem ser de um país específico ou de vários ao mesmo tempo, em renda variável ou renda fixa, como ações americanas, títulos de governos, ações europeias, entre outras opções.

Esses fundos, porém, não são os mais indicados para investidores conservadores, pois apresentam grande volatilidade, principalmente quando não há hedge cambial – em outras palavras, alguma proteção contra oscilações e variações do câmbio. Além disso, é difícil conhecer o risco específico do investimento em razão da complexidade do mercado global, que pode impedir o investidor de ter total consciência a respeito dos riscos e perspectivas para os fundos no exterior.

Fundos de Índices (ETFs)

Os ETFs são fundos negociados na B3 focados em índices econômicos como o Ibovespa – que acompanha a B3, a bolsa brasileira – e o S&P 500 – que se baseia no desempenho das 500 maiores companhias americanas de capital aberto na Nasdaq e na Nyse.

Muito populares em todo o mundo, os ETFs vêm ganhando expressividade no Brasil. Eles são opções seguras de investimento e aumentam o alcance de seus investimentos sem que você necessariamente deposite suas fichas em uma única empresa – afinal, você está aplicando em um setor inteiro.

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Como comparar a rentabilidade dos fundos?

Agora que você já conhece os principais tipos de fundos de investimentos, talvez as dúvidas estejam sobre qual escolher. Isso é bom. Os investidores mais bem-sucedidos do mercado sabem da importância de comparar as melhores alternativas de investimentos e os prós e contras antes de tomar qualquer decisão sobre seu dinheiro.

É claro que em um mar de alternativas existe muita coisa boa e ruim misturada. Por isso, é importante saber identificar quais são os melhores fundos, ciente de que, assim como qualquer outro tipo de investimento, o que é bom para um, não necessariamente é bom para outro. Ou seja, não adianta nada você simplesmente copiar o que seu amigo fez se as suas condições e objetivos não são as mesmas.

Até por isso, o primeiro passo para comparar a rentabilidade de fundos de investimento é escolher fundos da mesma categoria. Com a descrição que fizemos dos principais tipos que existem, no tópico acima, você já sabe que cada um deles tem regras e objetivos distintos. Sendo assim, é claro que um fundo que assume mais riscos tem a possibilidade de ter uma rentabilidade maior. Isso não quer dizer, porém, que ele seja melhor do que seus pares de mesmo risco. Nesse caso, o primeiro passo é se certificar que os fundos que você está avaliando são da mesma categoria: fundos multimercado vs. fundos de multimercado; fundos de renda fixa vs. fundos de renda fixa; e assim por diante.

Isso posto, cabe mais uma ressalva: a rentabilidade de um fundo não é tudo! Apesar de ser parte importante da comparação, existem outros fatores como taxas, impostos e regras que precisam ser levadas em consideração na hora de escolher o melhor investimento para que você não tenha uma surpresa na hora de fazer o resgate de seu capital.

Neste tópico, no entanto, vamos nos atentar apenas à rentabilidade.

Para comparar apenas a rentabilidade entre fundos de mesma categoria, portanto, todo investidor deve considerar cinco regras básicas:

1. Olhe além da rentabilidade absoluta

No site, plataforma ou aplicativo da sua corretora é comum que a rentabilidade absoluta dos fundos seja apresentada. Geralmente, esses dados são expostos logo de cara para atrair a atenção dos investidores. No entanto, é importante notar se o fundo em questão manteve o bom desempenho ao longo do tempo. Afinal, ele pode estar indo bem agora, mas ter passado um bom tempo sofrendo no mercado. Ou ter ido muito bem no começo e depois só ter acompanhado a taxa CDI. Por isso, na hora de comparar o rendimento dos fundos, veja o desempenho de cada um deles em 6, 12, 24 e 36 meses.

2. Dê um peso um pouco maior para os períodos recentes

Após comparar diferentes períodos de rendimento, é provável que suas opções já tenham diminuído. Nessa hora, um bom segundo critério de desempate é valorizar um pouco mais um período mais recente. Se um fundo tem um desempenho maravilhoso nos últimos três anos, mas não tão bom nos últimos 12 meses, isso pode ser um sinal de problemas de gestão ou estratégia, que não se adaptou às últimas movimentações do mercado.

3. Não aceite nada menos do que o índice de referência

Da mesma forma que os anteriores, outro critério eliminatório é o rendimento do fundo ser melhor do que o do índice ao qual ele está indexado, seja ele o CDI, o Ibovespa, o dólar ou qualquer outro. Quando você contrata um fundo, paga taxas, assume riscos e perde liquidez justamente para obter um rendimento acima da média. Você confia que bons gestores conseguirão obter um rendimento acima do que você mesmo conseguiria sozinho. Se isso não estiver ocorrendo, não vale a pena.

4. Veja qual fundo apresentou um desempenho melhor para o período total comparado

Se após cumprir os três outros critérios ainda restarem dúvidas, você pode recorrer ao chamado “período ótimo”, ou seja, aquelas datas em que todos os fundos que deseja comparar estavam em atividade simultaneamente. Nunca use períodos maiores do que esse para fazer comparações porque, nesse caso, você terá dificuldade para tirar conclusões objetivas das informações que visualizará.

Além disso, tenha um cuidado extra: se você comparar um fundo muito antigo com um fundo que acabou de ser criado, poderá ter uma impressão errada de suas rentabilidades. Como o fundo novo tem pouco histórico de comparação, você poderá se iludir por um eventual bom resultado de curto prazo.

Parte importante para encontrar um bom gestor é conseguir avaliar o trabalho dele ao longo do tempo. Ninguém chega no mercado já com uma boa reputação, sem ter feito um bom trabalho antes. Por isso, na dúvida, valorize a experiência dos bons profissionais. Não coloque tudo em um fundo de “primeira viagem”, a não ser que você queira assumir riscos com uma parte do seu capital que não se importa em perder.

5. Avalie o tamanho do fundo

Por fim, existe uma série de itens que você pode – e deve! – comparar para decidir qual é o melhor fundo para você (além da rentabilidade absoluta). Veja quais fundos tiveram maior proporção de meses positivos contra meses negativos, quais venceram mais vezes o indicador ao qual são indexados e os fundos que não tiveram prejuízos muito grandes em um único mês (o que pode ser sinal de uma diversificação ruim). Porém, um item muitas vezes negligenciado por novos investidores é o tamanho do fundo.

É sempre bom avaliar tanto o Patrimônio Líquido (PL) do fundo como a quantidade de cotistas que ele tem. Fundos muito pequenos podem indicar tanto que são opção de poucos investidores como que a gestora talvez tenha uma estrutura bem mais simples que suas concorrentes. Isso não é um fator eliminatório, mas vale um estudo maior sobre eles.

Outro ponto importante é avaliar como a quantidade de cotistas tem evoluído com o passar do tempo. Se um fundo tem cada vez mais cotistas, isso pode ser um bom indicador de que eles estão agradando seus clientes e atraindo cada vez mais pessoas interessadas (pessoas que estão fazendo a mesma avaliação que você). Por outro lado, fundos que estão com cada vez menos cotistas podem indicar que não estão entregando os resultados ou a performance esperada.

Aqui, cabe ressaltar que fundos que ficam estagnados depois de um forte período de crescimento podem indicar que o total de cotas foi preenchido. Ou seja, esse fundo teve resultados tão bons que muita gente investiu nele até o ponto em que a captação foi fechada por não ter condições de atender novos entrantes. Dependendo de outros critérios, isso pode representar uma boa oportunidade no mercado secundário.

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Como comparar a volatilidade de fundos?

Antes de mergulhar nesse tema, é fundamental que você conheça seu perfil de investidor: conservador, moderado ou agressivo? Claro, existem opções para todos. Mas o nível de maturidade de um investidor ajuda a equilibrar a expectativa de rentabilidade com a variação das cotas, ou seja, um perfil conservador e um fundo de grande volatilidade não é o mais adequado.

No geral, existe uma tabelinha bem básica para definir qual tipo de volatilidade é mais adequada para cada perfil de investidor:

  • Volatilidade baixa (conservador): até 2%
  • Volatilidade média (moderado): de 2% até 4%
  • Volatilidade média-alta (arrojado): de 4% até 8%
  • Volatilidade alta (agressivo): acima de 8%

Para que essa classificação não fique muito simplista, no entanto, vale a pena observar os drawdowns, isto é, os pontos de maiores quedas do fundo e fazer uma simulação de como você se sentiria se, por exemplo, acordasse de manhã e visse que seu investimento desvalorizou 10% da noite para o dia.

Essa análise mais emocional é importante porque, caso você não seja um investidor agressivo, provavelmente ficaria muito preocupado nessa situação e poderia se precipitar e cometer o equívoco de resgatar o dinheiro justo no momento de prejuízo. Até por isso, é muito importante ser honesto consigo mesmo. Se você não se sentirá bem com o risco assumido com aquele investimento, é porque ele (ainda) não é para você. Ninguém deveria investir para ficar mais preocupado do que já está com a multiplicação do seu dinheiro.

Por isso, avaliar a evolução histórica do drawdown pode salvar você de uma situação da qual não esteja preparado e, consequentemente, uma eventual decisão errada que se transforme em prejuízo.

De qualquer forma, bem como no caso da quantidade de cotistas, para avaliar a volatilidade de fundos com mais precisão vale a pena fazer comparações de períodos diferentes. Assim você minimiza o peso de impactos pontuais e consegue extrair a estratégia de longo prazo, mais sustentável, dos gestores do fundo escolhido, ou seja, se eles estão adotando posições mais conservadoras ou agressivas com o passar do tempo, ou se simplesmente mantém uma certa constância em sua estratégia por todo o período.

Ficou muito difícil? Então, com a ressalva de que toda simplificação gera uma perda, talvez valha a pena conhecer o Índice de Sharpe.

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O que é Índice de Sharpe e como calculá-lo?

Quando se trata de investimentos, equilibrar risco e retorno é fundamental para fazer aplicações de acordo com o seu perfil. Mas como saber qual é a medida ideal? O Índice de Sharpe é justamente um indicador criado para ajudar a descobrir qual é esse ponto de equilíbrio. Isso porque se trata de um indicador que mede o retorno excedente de uma aplicação financeira em relação a outra aplicação livre de risco.

Esse indicador é utilizado para comparar fundos e carteiras de investimento e começou a ser desenvolvido nos anos 1960 pelo economista William Sharpe.​ Segundo o método desenvolvido por ele, olhar apenas a rentabilidade de um investimento não basta. É preciso comparar seu retorno com o de uma aplicação conservadora livre de risco. Em outras palavras, o índice mostra se valeu a pena correr mais risco para obter determinado retorno.

Assim, o Índice de Sharpe analisa o retorno de uma aplicação, descontando o resultado que um investidor teria se tivesse aplicado seu dinheiro em algo menos arriscado o que, no Brasil, podemos utilizar o CDI como referência.

O Índice de Sharpe também considera em sua fórmula a volatilidade do investimento, que é o quanto ele oscilou em um determinado período. Assim, esse indicador é uma forma mais sofisticada de expressar qual rentabilidade uma aplicação alcança com um determinado nível de risco

Porém, o retorno das aplicações financeiras pode mudar dependendo das condições da economia. É por isso que, conforme também falamos, o ideal é analisar o desempenho de um investimento em períodos mais longos, de pelo menos 12 meses, antes de determinar se ele é o ideal. A vantagem é que o Índice de Sharpe já permite considerar esse conceito em sua fórmula, que é expressa da seguinte maneira:

Índice de Sharpe = (Retorno – Taxa Livre de Risco) / Volatilidade

Aqui vai um exemplo: considere um investimento em renda fixa que rendeu 125% do CDI em um ano. De cara, já é possível notar que ele superou o rendimento de um ativo livre de risco, o CDI, em 25%. Se esse for um investimento basicamente de renda fixa pós-fixada (que oscila pouco, ou seja, tem baixa volatilidade), o resultado será um Índice de Sharpe com um número positivo e alto.

Quanto mais alto for o Índice de Sharpe, melhor foi a performance desse investimento em relação ao risco que ele oferece. Porém, é importante destacar que o Índice de Sharpe considera apenas o risco de mercado de uma aplicação, ou seja, a incerteza dos retornos desse investimento ao longo do tempo. Ele não leva em conta outros fatores importantes, como o risco de uma instituição falir ou deixar de pagar o que prometeu, o chamado risco de crédito.

Avaliar o risco de crédito, aliás, é crucial para investimentos em renda fixa. Por isso, o Índice de Sharpe não é o indicador ideal para entender a relação entre o risco e o retorno desses investimentos.

Considere agora uma carteira de ações que subiu 30% em um ano, mas passou por momentos de fortes altas e baixas. Nesse caso, como a volatilidade foi alta (as oscilações foram mais intensas), o Índice de Sharpe tende a ser menor do que o de uma aplicação com rendimento próximo ao CDI, mas que sofreu pouca volatilidade durante o período analisado.

Quanto mais alto for o Índice de Sharpe de um investimento, mais consistente terá sido o seu retorno no passado. Uma aplicação que tenha um ótimo rendimento, mas alta volatilidade, terá um Sharpe mais baixo.

Outro ponto importante: o Índice de Sharpe não determina o sucesso de um investimento no futuro. Ele apenas conta uma história de como aquela aplicação se comportou em determinado período. Por outro lado, esse indicador é muito útil na hora de escolher os melhores fundos de investimento. Lembrando: ele vale para carteiras compostas por ativos sujeitos a risco de mercado, como os fundos multimercado ou fundos de ações com gestão ativa.

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