O que é circuit breaker?

Por Redação

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Circuit breaker é uma medida de emergência da Bolsa de Valores para evitar que uma onda de pânico leve o mercado a perdas exageradas de valor. Sempre que o Ibovespa cai 10% em um pregão, as negociações são interrompidas por 30 minutos. É o tempo para os operadores do mercado relaxarem e saírem do cenário de pânico. Quando as negociações são retomadas, espera-se que as flutuações aconteçam dentro de um patamar de normalidade.
Se o pânico continuar e o Ibovespa cair 15%, o circuit breaker é acionado novamente, desta vez por uma hora. Se após a retomada o Ibovespa continuar caindo e chegar a 20%, as operações são interrompidas indefinidamente.
Ondas de pânico podem ter um efeito devastador no mercado financeiro, levando os ativos a perder mais valor do que indicam os seus fundamentos econômicos. Decisões tomadas nestes momentos podem representar perdas elevadas de riqueza, e impactar o conjunto da economia. Com o circuit breaker, todo o mercado ganha um tempo para relaxar e reavaliar o cenário, levando a decisões menos desesperadas.
Em 18 de maio de 2017, mal a Bolsa de Valores abriu o mercado o Ibovespa caiu 10,46%. A razão foi que na noite anterior foi divulgada a notícia de que o presidente da JBS teria gravado uma conversa com o presidente Michel Temer e o teria incriminado em um caso de corrupção. O mercado temeu pela continuidade da reforma e abriu em queda abrupta. Para evitar um desastre financeiro, a bolsa parou de funcionar imediatamente. Foi a última vez que o circuit breaker foi acionado no Brasil.
Além desse caso, o circuit breaker já havia sido acionado em outras ocasiões no Brasil:

  • 2008: o banco norte-americano Lehman Brothers foi à falência durante um domingo, 15 de setembro, por conta de sua elevada exposição a títulos de dívida vinculados a hipotecas inadimplentes. Na abertura do mercado na segunda-feira, as bolsas de todo o mundo caíram, e o Brasil não foi diferente. O circuit breaker foi ativado seis vezes naquele ano:
  • 1999: Naquela época o Brasil vivia um regime de câmbio fixo chamado de bandas cambiais. Contudo, desde 1997 as moedas dos países em desenvolvimento estavam sob pressão do mercado internacional. No começo de 1999, o Brasil era a bola da vez. No dia 13 de janeiro de 1999, o então presidente do Banco Central, Gustavo Franco, pediu demissão, e seu substituto, Francisco Lopes, implantou uma banda cambial mais flexível. Imediatamente houve uma fuga de dólares no país, e o circuit breaker foi acionado nos dias 13 e 14 de janeiro. No dia 15 de janeiro o câmbio passa a operar em regime flutuante, que vigora até hoje, e o dólar, que em 13 de janeiro estava em R$ 1,22, atingiu R$ 1,92.
  • 1998: Antes de atingir o Brasil, a crise cambial internacional afetou a Rússia, que sofria os efeitos da abertura econômica acelerada após décadas de regime comunista. Em agosto de 1998, o país decretou moratória de sua dívida externa, por conta da total escassez de dólares. Isso levou a crise global sobre os mercados emergentes, e o Brasil perdeu US$ 30 bilhões em reservas. Foram cinco acionamentos do circuit breaker em menos de 1 mês.
  • 1997: toda essa crise cambial começou na Ásia. Tailândia, Malásia, Coreia do Sul e Filipinas desvalorizaram suas moedas para conter uma fuga de dólares. Com isso, a dívida externa da Tailândia se tornou elevada demais, e investidores de todo o mundo com dinheiro aplicado em mercados emergentes entraram em pânico. Em outubro de 1997 a bolsa de Hong Kong caiu 10% e derrubou bolsas em todo o mundo. Esta onda levou aos três primeiros acionamentos do circuit breaker na Bovespa.