A grande escalada da Alaska

Por Redação

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A Alaska Asset Management, gestora de fundos de investimentos, foi fundada em meados de 2015. Apesar de ser relativamente jovem, a gestora já causou um grande barulho no mercado financeiro. A razão é a subida rápida do seu principal fundo de ações, o Alaska Black FIC FIA. Quer saber a dimensão da escalada? Aqui vai: 129% em 2016, 74% em 2017 e 30% em 2018. Imagine um investidor que aplicou R$ 10 mil no fundo premiado. Em apenas três anos, ele teria mais do que quintuplicado seu patrimônio.

Não chega a ser uma conta mágica, como à da “fórmula Bettina”, prometida pela casa de análise Empiricus. Mas é, de fato, um desempenho invejável. Entre 2016 e 2018, quando o Alaska Black subiu mais de 400%, o Ibovespa, índice da B3 que referencia as ações, cresceu “apenas” 103%.

Apesar dos números impressionantes, é importante entender o mercado e a forma de atuação da Alaska, e saber se os produtos que eles oferecem fazem sentido para seu perfil de investimento.

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Quem são os fundadores da Alaska Asset Management?

A gestora Alaska tem três fundadores: Luiz Alves Paes de Barros, Ney Miyamoto e Henrique Bredda (veja entrevista com ele em vídeo no fim deste artigo, produzida por 1Bilhão Educação Financeira). Mesmo antes de fundar o novo negócio, Paes de Barros já era um respeitado investidor. Avesso às aparições públicas, seu esforço em manter o anonimato foi proporcional à sua capacidade de multiplicar o próprio patrimônio. Especula-se que ele partiu de uma aplicação inicial de R$ 10 mil duas décadas atrás e chegou a uma fortuna de mais de R$ 1,5 bilhão.

Por muito tempo, Paes de Barros foi provocado: por que não transformar a habilidade em negócio? Afinal, se ele conseguiu escalar a própria fortuna, por que não se tornar um gestor de patrimônio de terceiros? Em um passado mais distante, o investidor seguiu essa fórmula. No final da década de 80, ele e Luis Stuhlberger, atual líder de outra respeitada gestora, a Verde, tinham um plano. Esse plano saiu do papel sob forma da corretora Griffo – que depois fundiu-se com a Hedging e foi vendida para o Credit Suisse. Desde a venda para o banco estrangeiro, em 2006, Paes de Barros saiu do cenário de gestão de patrimônio de terceiros – e quis, propositalmente, não colocar o pé nesse território.

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Os sócios da Alaska Henrique Bredda (primeiro à esq.) e Luiz Alves Paes de Barros (quarto da esq. para a dir.) com Pier Mattei (Monte Bravo), Guilherme Benchimol (XP), Lyverson Viana (Prudential) e Felipe Mahler (Monte Bravo) em evento da Monte Bravo no fim de 2018 – foto: CM Comunicação Corporativa

Em uma reportagem de 2014, a revista Exame conta que o investidor tinha suas razões para seguir administrando somente o próprio dinheiro: “Cliente é como patrão, reclama e cobra, não quero isso”, disse Paes de Barros. O midas dos investimentos parece ter mudado de ideia rapidamente, já que a Alaska seria fundada no ano seguinte.

Ney Miyamoto, outro fundador, trabalhou em instituições financeiras de peso, como o Deutsche Bank, Itaú e Fibra. Em 2010, passou a ajudar Paes de Barros na administração da LAPB, empresa que cuidava do patrimônio da família do investidor. Os recursos de Paes de Barros, o filho e a esposa eram aplicados em um fundo próprio de ações batizado de Poland.

Foi aí que Henrique Bredda, que compartilha com Miyamoto uma carreira no Itaú, entrou na equação. Bredda e Miyamoto convenceram Paes de Barros a voltar para o mercado. O objetivo do trio, a princípio, era expandir a atuação da Poland para além dos limites do núcleo familiar de Paes de Barros. Mas a ambição era modesta: gerir somente o patrimônio de pessoas próximas aos fundadores. A Poland transformou-se, então, em Alaska.

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Estratégia de atuação da Alaska

A linha de investimento de valor (comprar ações quando estão em baixa e vender quando subir), que sempre foi a marca da estratégia de Paes de Barros, foi impressa também na Alaska. Boa parte da rentabilidade estrondosa conquistada pelo fundo foi decorrente da compra de ações da varejista Magazine Luiza. Os papéis ordinários da Magalu, negociados sob o código MGLU3, chegaram a valer R$ 1 em 2016, mas encostaram na casa dos R$ 200 em 2018.

Além dos papéis da varejista, a carteira dos fundos da Alaska é composta por outras gigantes, como Vale, Petrobras, Fibria, Suzano e Braskem.

Apesar da estratégia de compra na baixa e venda na alta, os gestores dos fundos dizem que sempre buscaram uma visão de longo prazo – ou seja, com ações de empresas sólidas, que distribuem bons dividendos e têm resultados positivos de longo prazo. Choques curtos, por exemplo, não são a grande tacada do fundo.

Tanto que, depois de anos de resultados estratosféricos, todos os fundos da gestora estão performando no negativo em 2019. Até maio, o principal fundo acumulava uma perda de -8%, enquanto o Ibovespa registrava 7,5% no mesmo período. Isso preocupa os gestores do fundo? Aparentemente, nem um pouco.

Em resposta a um suposto cotista que estava preocupado com a queda recente, Bredda tuitou: “(Você) pode até dobrar a sua perda nos próximos meses. Pensamos em múltiplos anos, em mais de 10. Essa é a nossa janela de análise. Se essas variações estiverem te dando ansiedade, sugiro seriamente rever o seu investimento para ver se realmente é adequado para seu perfil”. A lógica de longo prazo se reflete nessa postura – veja dois vídeos com o gestor no fim deste artigo.

A ansiedade é comum, principalmente porque os fundos da Alaska atraíram investidores dos mais variados tipos de perfil. Na soma, mais de 90 mil pessoas possuem cotas nesses ativos. O patrimônio total sob gestão da Alaska é de mais de R$ 8 bilhões.

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Quais são os fundos da Alaska?

Alaska Black FIC de FIA BDR Nível I
Tipo de investidor:Qualificado (aplicações que superam R$ 1 milhão)
Investimento inicial:R$ 5 mil
Composição:No mínimo 67% em ações
Administrador:BTG Pactual
Perfil de risco: agressivoAgressivo
Rentabilidade em 2019*:-8,1%
*Até maio

 

 Alaska Black FIC de FIA II BDR Nível I
Tipo de investidor:Público geral
Investimento inicial:R$ 1 mil
Composição:No mínimo 67% em ações
Administrador:BTG Pactual
Perfil de risco: agressivoAgressivo
Rentabilidade em 2019*:-3,6%
*Até maio

 

Alaska Black Institucional FIA
Tipo de investidor:Público geral
Investimento inicial:R$ 1 mil
Composição:Ações, mas não investe em juros, câmbio e BDR
Administrador:BTG Pactual
Perfil de risco: agressivoArrojado
Rentabilidade em 2019*:-4,7%
*Até maio

 

Alaska 70 Icatu Previdenciário
Tipo de investidor:Público geral
Investimento inicial:Varia de acordo com a distribuidora
Composição:70% em ações e 30% em renda fixa
Distribuidor:Vários
Perfil de risco: agressivoArrojado
Rentabilidade em 2019*:-0,9%
*Até maio

 

Alaska Range FIM
Tipo de investidor:Público geral
Investimento inicial:R$ 5 mil
Composição:Ações, índices, juros e moedas
Administrador:BNY Melon
Perfil de risco: agressivoArrojado
Rentabilidade em 2019*:-0,8%
*Até maio