Tudo sobre as ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6)

Por Redação

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A Eletrobras é uma empresa de geração e transmissão de energia. Ela possui capital aberto na bolsa de valores brasileira, a Brasil Bolsa Balcão (B3), mas seu principal acionista é o governo federal, o que a coloca na categoria de estatais. Responsável por um terço da geração de energia elétrica no Brasil, a Eletrobras é ainda a maior empresa de transmissão de energia, detendo mais da metade do mercado de alta tensão.

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Como a Eletrobras chegou aqui?

A Eletrobras tem sob sua estrutura organizacional quatro empresas regionais: a Chesf (Nordeste), a Eletronorte (Norte), a Eletrosul (Sul) e Furnas (Minas Gerais). Houve uma tentativa de privatização das subsidiárias da empresa ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas os planos não foram plenamente cumpridos, e poucos negócios foram efetivamente repassados para a iniciativa privada.

A Eletrobras continuou com o controle de todas essas empresas, o que incluía a responsabilidade por nomear a diretoria e cargos importantes.

Essa capacidade de gestão, e o próprio tamanho da empresa, que chegou a ter mais de 25 mil funcionários, criaram distorções na dinâmica de atuação. Muitos negócios tornaram-se deficitários, e os exemplos de má gestão existiam às dezenas, como funcionários com salários altíssimos e benefícios indevidos.

Para piorar a situação, a mão forte do acionista principal sempre teve importante papel nas decisões da estatal. O governo fez com que a Eletrobras assumisse empresas de distribuição de energia, participações societárias em projetos e outros negócios problemáticos. As distribuidoras de energia se transformaram em pesadelo: trouxeram dívidas bilionárias para o balanço da estatal, além de carregarem problemas sérios de gestão e governança. Ou seja, o problema só se agravou.

Calcula-se que a empresa perdeu mais de R$ 20 bilhões com esses negócios – prejuízo que foi dividido entre os acionistas. Por ser o controlador da empresa, a maior perda foi do governo, que cobriu o buraco com recursos do Tesouro Nacional. Mas os acionistas minoritários, que detém cerca de 35% do capital total da empresa, também ficaram no prejuízo.

Até meados de 2012, as ações da Eletrobras flutuavam na casa dos R$ 20. Após as decisões que afetaram o caixa da empresa, os papéis chegaram a perder mais de 70% do valor.

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Discussões para a privatização

Para tentar reverter esse quadro, o governo de Michel Temer colocou em discussão uma eventual privatização da Eletrobras. A operação se daria por meio da venda da participação do Estado na empresa. O capital seria pulverizado, de forma que nenhum acionista tivesse o efetivo controle sobre a empresa. O governo manteria parte das ações e a chamada Golden share – ação que dá um poder extra a um dos acionistas, como o veto a decisões.

A proposta foi enviada para o Congresso, mas enfrentou forte resistência, principalmente das bancadas regionais. A razão é que os congressistas, principalmente os do Norte e Nordeste, ainda exercem influência sobre as subsidiárias Chesf e Eletronorte, e não querem perder esse poder de barganha.

Em paralelo com as discussões de privatização, o governo começou um movimento para sanear a gestão da companhia. Convidou Wilson Ferreira Junior, um experiente executivo do mercado de energia, para presidir a empresa. Ferreira Junior implantou uma série de controles internos, como um comitê independente para a aprovação de diretores e cargos importantes, e iniciou um plano de enxugamento da estrutura da empresa.

Planos de demissão e aposentadoria voluntária foram executados, e houve a venda de alguns ativos. Mas a maior conquista de Ferreira Junior foi a venda das seis distribuidoras regionais de energia, no final de 2018. Essas distribuidoras eram deficitárias (ou seja, não traziam recursos para a Eletrobras), e que não eram estratégicas para a atuação da empresa.

O primeiro efeito foi na dívida: ao vender os ativos, a Eletrobras livrou-se de um passivo de quase R$ 10 bilhões. Além disso, o balanço da empresa também foi livre do prejuízo operacional que essas empresas traziam.

A prova disso foi tomada com a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2019. No período, a Eletrobras registrou uma receita líquida de R$ 6 bilhões e um lucro de R$ 1,3 bilhão, um valor 178% maior que o do primeiro trimestre de 2018. Os números animaram os investidores, e as ações da empresa subiram nos dias após essa divulgação.

Não se sabe ainda qual vai ser o desfecho da privatização da Eletrobras, mas é importante ficar atento a esse movimento. Aqui vale lembrar o caso da Gerasul, estatal que pertencia à Eletrobras e foi privatizada em 1998. Quando foi vendida, ela representava 5% dos ativos totais da Eletrobras. Duas décadas depois, a Gerasul (chamada hoje de Engie) chegou a valer uma Eletrobras e meia – embora sua capacidade de geração represente 20% do total da estatal.

Isso significa que há muito potencial de valorização da empresa (e consequentemente de suas ações) caso ela seja privatizada.

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Ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6)

As ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) e as ações preferenciais (ELET6) são negociadas na B3, sob o Nível 1 de governança corporativa. As ações preferenciais são aquelas que distribuem dividendos maiores, por isso são mais buscadas pelos pequenos investidores. Já as ações ordinárias também dão direito a dividendos, mas eles são 10% menores que os distribuídos para os investidores com papéis preferenciais.

A estrutura de divisão das ações ordinárias é: o governo detém 75% da participação total, seja por controle direto (União) ou por participação indireta (BNDES, BNDESPar, Caixa Econômica Federal, e fundos de pensão de estatais). Os minoritários possuem 25% do total.

Já nas ações preferenciais, os minoritários possuem 86%, o BNDES possui 7% e o BNDESPar, outros 7%.

No capital total, o governo fica com 65% e os minoritários com 35%.

A Eletrobras também negocia ações na Bolsa de Nova York (sob os códigos EBR e EBR-B) e na Bolsa de Madri (sob os códigos XELTO e XELTB) por meio de ADRs, uma espécie de certificado para comercialização de ações de empresas do exterior.

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Como comprar ações da Eletrobras?

Trata-se de um processo simples. Assim como na compra de qualquer outro papel da B3, basta que você tenha uma conta em uma corretora de valores e compre papéis dentro da plataforma de home broker.

Já a compra de papéis ADR na bolsa de Nova York ou de Madri, é um pouco mais complexa. O caminho mais direto é abrindo uma conta em uma corretora estrangeira. Também vale verificar se sua corretora, no Brasil, faz esse tipo de compra. Caso nenhuma dessas opções seja possível, procure um fundo de investimento em ações que tenha papéis da companhia.

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